terça-feira, 30 de setembro de 2008
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
O ABORTO É A PRIMEIRA CAUSA DE MORTALIDADE MATERNA NA BAHIA.
Domingo contra aborto leva mulheres a pedirem legalização
Primeira causa de mortalidade materna na Bahia, com cerca de 100 óbitos para cada 100 mil partos realizados, o aborto é ainda uma das principais preocupações dos movimentos feministas. Conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), uma média de 75 mulheres procuram atendimento na rede pública de saúde por conta de complicações pós-abortivas. Durante a manhã de ontem, Dia de Ação pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe, um manifesto reuniu dezenas de mulheres na Avenida Adhemar de Barros, orla do bairro de Ondina.
No ano passado, as complicações causadas por práticas não seguras de aborto motivaram 26.999 internações em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia e a este indicador foram ainda relacionadas 30 mortes. O número, no entanto, é impreciso e, conforme Maria José Araújo – da Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos, deve contar ainda com um acréscimo de quase 2%, o que aproximaria este dado dos 28 mil casos. “Não há um levantamento seguro neste sentido, já que muitos dos óbitos ocorridos por aborto são classificados como infecção generalizada ou pneumonia. Há casos de meninas de 18 anos que têm causa de morte apontada como pneumonia e isto é algo a se investigar”, considerou.
No Brasil, há uma estimativa de que o número de abortos realizados anualmente esteja entre um milhão e três milhões. “E tudo isso ainda causa enorme prejuízo para a saúde pública, já que cerca de R$4,5 milhões são gastos anualmente por conta disso. A descriminalização do aborto possibilitaria, por exemplo, que a mulher recebesse atendimento em unidade de atendimento e somente em unidades maternas, como ocorre hoje”, analisou.
Para os casos em que o aborto é permitido pelo Código Penal Brasileiro – estupro ou risco de morte para a mãe – somente o Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba), coordenado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, tem autorização para realização de procedimentos de interrupção provocada de gravidez.
Para Maria José de Araújo, um outro problema – considerando toda a rede hospitalar que atendem as mulheres que passaram por algum processo abortivo – é o tratamento dado pelas enfermeiras e toda equipe médica. “Essas mulheres são maltratadas, recebem – praticamente – um castigo por parte desses profissionais. Existem casos em que a curetagem (procedimento de raspagem do útero para retirada de restos de feto) é feito sem anestesia e outros em que as mulheres aguardam até um dia para serem atendidas. Quer dizer, elas sofrem e são colocadas sempre em último lugar“, contou.
Durante a mobilização, integrantes dos movimentos feministas recolheram assinaturas a favor da legalização do aborto. O registro será somado a assinaturas e enviado ao Congresso Nacional, Assembléia Legislativa e Câmara Municipal de Vereadores. “Estamos lutando pela descriminalização do aborto e a nossa intenção é sensibilizar a sociedade e os políticos quanto aos inúmeros problemas que o aborto feito de modo inseguro pode causar a mulher”, afirmou Maria Helena de Souza, integrante do Instituto Mulher Atenção Integral à Saúde (IMAIS).
Uma enquete também foi realizada com o público, onde se questionava a opinião das pessoas quanto à legalidade do aborto e perguntava se conhecia alguém que já havia se submetido a uma interrupção provocada de gravidez. “Procuramos fazer a enquete para saber sobre a opinião das pessoas e não temos dúvidas de que o número de mulheres que realizam aborto é muito grande. O problema para mim está na questão de a proibição só prejudicar as mulheres de baixa renda, já que as que têm dinheiro acabam realizando o procedimento com segurança muito maior, através de clínicas clandestinas”, opinou a médica Maria Eunice Kalil, 57 anos.
Para Kalil, a descriminalização do aborto nada mais é que a concessão de direito à mulher quanto a livre arbítrio quanto ao modo de usar o seu corpo. “O Estado brasileiro é laico e jamais deve ter suas leis baseadas em qualquer que seja a crença religiosa, a Lei não pode ser inspirada em motivo religioso. Acho que as mulheres devem escolher serem ou não mães e administrar do modo que desejarem o seu corpo”, considerou.
Amanhã, na Estação da Lapa, outra mobilização deve ocorrer. A Vigília pelo Fim da Violência contra a Mulher, que faz parte do calendário mensal dos movimentos a favor da mulher, irá explorar o tema aborto. O ato acontece das 17 às 19 horas. (Por Lorena Costa)
Tribuna da Bahia
Primeira causa de mortalidade materna na Bahia, com cerca de 100 óbitos para cada 100 mil partos realizados, o aborto é ainda uma das principais preocupações dos movimentos feministas. Conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), uma média de 75 mulheres procuram atendimento na rede pública de saúde por conta de complicações pós-abortivas. Durante a manhã de ontem, Dia de Ação pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe, um manifesto reuniu dezenas de mulheres na Avenida Adhemar de Barros, orla do bairro de Ondina.
No ano passado, as complicações causadas por práticas não seguras de aborto motivaram 26.999 internações em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia e a este indicador foram ainda relacionadas 30 mortes. O número, no entanto, é impreciso e, conforme Maria José Araújo – da Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos, deve contar ainda com um acréscimo de quase 2%, o que aproximaria este dado dos 28 mil casos. “Não há um levantamento seguro neste sentido, já que muitos dos óbitos ocorridos por aborto são classificados como infecção generalizada ou pneumonia. Há casos de meninas de 18 anos que têm causa de morte apontada como pneumonia e isto é algo a se investigar”, considerou.
No Brasil, há uma estimativa de que o número de abortos realizados anualmente esteja entre um milhão e três milhões. “E tudo isso ainda causa enorme prejuízo para a saúde pública, já que cerca de R$4,5 milhões são gastos anualmente por conta disso. A descriminalização do aborto possibilitaria, por exemplo, que a mulher recebesse atendimento em unidade de atendimento e somente em unidades maternas, como ocorre hoje”, analisou.
Para os casos em que o aborto é permitido pelo Código Penal Brasileiro – estupro ou risco de morte para a mãe – somente o Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba), coordenado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, tem autorização para realização de procedimentos de interrupção provocada de gravidez.
Para Maria José de Araújo, um outro problema – considerando toda a rede hospitalar que atendem as mulheres que passaram por algum processo abortivo – é o tratamento dado pelas enfermeiras e toda equipe médica. “Essas mulheres são maltratadas, recebem – praticamente – um castigo por parte desses profissionais. Existem casos em que a curetagem (procedimento de raspagem do útero para retirada de restos de feto) é feito sem anestesia e outros em que as mulheres aguardam até um dia para serem atendidas. Quer dizer, elas sofrem e são colocadas sempre em último lugar“, contou.
Durante a mobilização, integrantes dos movimentos feministas recolheram assinaturas a favor da legalização do aborto. O registro será somado a assinaturas e enviado ao Congresso Nacional, Assembléia Legislativa e Câmara Municipal de Vereadores. “Estamos lutando pela descriminalização do aborto e a nossa intenção é sensibilizar a sociedade e os políticos quanto aos inúmeros problemas que o aborto feito de modo inseguro pode causar a mulher”, afirmou Maria Helena de Souza, integrante do Instituto Mulher Atenção Integral à Saúde (IMAIS).
Uma enquete também foi realizada com o público, onde se questionava a opinião das pessoas quanto à legalidade do aborto e perguntava se conhecia alguém que já havia se submetido a uma interrupção provocada de gravidez. “Procuramos fazer a enquete para saber sobre a opinião das pessoas e não temos dúvidas de que o número de mulheres que realizam aborto é muito grande. O problema para mim está na questão de a proibição só prejudicar as mulheres de baixa renda, já que as que têm dinheiro acabam realizando o procedimento com segurança muito maior, através de clínicas clandestinas”, opinou a médica Maria Eunice Kalil, 57 anos.
Para Kalil, a descriminalização do aborto nada mais é que a concessão de direito à mulher quanto a livre arbítrio quanto ao modo de usar o seu corpo. “O Estado brasileiro é laico e jamais deve ter suas leis baseadas em qualquer que seja a crença religiosa, a Lei não pode ser inspirada em motivo religioso. Acho que as mulheres devem escolher serem ou não mães e administrar do modo que desejarem o seu corpo”, considerou.
Amanhã, na Estação da Lapa, outra mobilização deve ocorrer. A Vigília pelo Fim da Violência contra a Mulher, que faz parte do calendário mensal dos movimentos a favor da mulher, irá explorar o tema aborto. O ato acontece das 17 às 19 horas. (Por Lorena Costa)
Tribuna da Bahia
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
sábado, 6 de setembro de 2008
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